quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Marcuschi - Produção Textual

Os gêneros na verdade se transformaram em formadores de opinião, balizadores de costumes, e conseqüentemente controladores da sociedade. O gênero,  tem  fundamental importância na comunicação humana, onde é usado como forma de expressão pessoal, onde a obra recebe e mostra as características individuais de seu autor, me refiro,  a teses, reportagens, cartas,etc.
 Nos últimos anos, mais e mais pessoas tiveram acesso aos mais diversos meios de comunicação, (jornais, radio, tv e mais recentemente Internet e telefonia celular), desta forma ficou mais fácil e rápido usar os gêneros como ferramenta de controle social. Cria-se então a sociedade que vive e age dentro do que é “politicamente correto”. O cidadão tem sensação de que é livre,  mas pelo fato dele estar inserido em uma sociedade, ele, está sujeito a regras, que essa sociedade assim determina e  impõe. A produção de  gêneros ultrapassa  sua utilização como meio de comunicação e expressão entre os seres humanos,  toma então a língua um caráter ordenador e disciplinador da sociedade, onde, os detentores do poder, é quem ditam as regras.
Os gêneros não podem ser rotulados pela simples forma como está grafado ou é veiculado, o importante é perceber a finalidade, para qual esse determinado gênero foi criado. Desta forma um gênero pode não deter uma certa característica, mas continua a ser um determinado tipo de gênero, por exemplo uma musica de campanha política, a finalidade dela é a propaganda de um candidato, mas nem por isso ela deixa de pertencer ao gênero musical. Este tipo de expressão caracteriza a “intertextualidade tipológica” , onde um determinado tipo de gênero assume o papel do outro. Neste caso uma forma de expressão toma forma em uma outra plataforma.
A língua e os costumes de um povo, caracterizam sua cultura. Não há como generalizar costumes e tradições, estes tipos de manifestações existem nas variadas formas e, a melhor maneira de mostrar nosso respeito é tentar compreendê-los sem preconceito. No caso do ensino de língua portuguesa, o aspecto regional fica esquecido. O livro didático tem, um (podemos dizer)  “padrão”. O livro didático é construído sem observar as diferenças culturais existentes  em nosso país. O ensino de língua portuguesa seria muito proveitoso e prazeroso se levasse em conta às características regionais da nossa população. O homem é fruto do meio, portanto, não podemos jamais descartar suas origens e seus costumes, e, conseqüentemente apagar sua história.
Suporte e gênero, quem, valoriza quem?  Está é sem sombra de duvida uma questão para ser debatida ainda por bastante tempo. A plataforma onde o gênero é montado e por conseqüência é levado ao encontro de seu público alvo, é um fator que agrega muito valor ao gênero, e portanto não pode ser encarada somente como uma mera transportadora de informações. Para que a função do suporte seja alcançada de forma plena é necessário que ele  valorize  a transmissão e a fixação do gênero. Portanto é tipo de gênero que determina qual o tipo de suporte é o mais ideal para que o gênero atinja seus objetivos. Encontramos dois tipos básicos de suporte: os que foram criados  com a finalidade de abrigar  determinados gêneros. Podemos exemplificar mencionado,  livros,  jornais, revistas, etc. . A  esse tipo de suporte chamaremos de “suportes convencionais”. E os suportes ocasionais que trataremos como “suportes incidentais”, esses podem ser os mais incomuns, destacamos o corpo humano quando é tatuado ou parte dele quando é pintado. Nesse caso incomum o corpo humano serviu como suporte, mas ele não foi criado como essa finalidade. Fazer a distinção entre gênero e suporte não tarefa mais fáceis. As definições de gênero e suporte estarão sempre ligadas ao uso e ao acondicionamento em que ambos estão inseridos. O exemplo mais simples que podemos citar é o da folha de papel, quando ele é suporte ou um mero material que constitui o suporte. A resposta vai depender de como está disposta essa folha, se só e é mostrada como folder ela é um suporte se é página de um jornal ela perde a característica de suporte.
Até dentre os chamados suportes incidentais encontraremos algumas divergências na definição suporte, as embalagens não seriam consideradas suporte se não houvesse instruções nela escritas. Suporte  é portanto o veículo que faz com que os gêneros possam circular e serem conhecidos.
 Segundo Elizabeth Gülich (1986), os gêneros na oralidade seriam classificados segundo sua origem e conseqüente uso, pois, o gênero estaria ligado diretamente ao cotidiano de uma determinada sociedade, o gênero oral seria então uma expressão sociointerativa.
 Mesmo usando os três critérios que Gülich designa (canal, critérios formais e natureza do conteúdo), não teremos condição de criar critérios para uma classificação geral. Os gêneros podem ser determinados, segundo sua aplicação. O que importa no gênero oral é alcançar seu objetivo e não a  forma como é disposto. Os gêneros são frutos da comunicação cotidiana entre integrantes de uma determinada sociedade.
Os gêneros textuais nascem nas sociedades, e  se transformam em ferramentas de comunicação e de organização. Caracterizando assim as diferentes culturas. Os gêneros orais são mais fáceis de se perder com o passar dos anos. Esses gêneros (rezas, cantigas) são passados entre os membros de uma sociedade, como não existe uma preocupação com o catalogo desses gêneros, com o passar dos tempos esses registros vão se perdendo. A parte escrita tem o mesmo sentido que a oral ou seja é usada na comunicação entre os membros de uma sociedade. Comunicação essa que para existir não necessita ser, trabalhada dentro aspecto formal da língua. Concepção escrita ou oral, a concepção deve ser compreendida, avaliando de que  forma determinado trabalho foi produzido originalmente, e não da forma como está sendo apresentado. Quando passamos para o papel um discurso feito de improviso, estamos diante de uma “concepção oral”, pois sua concepção original não foi escrita.
Os domínios discursivos se estabelecem em determinados modelos exclusivos, e são reconhecidos por suas particularidades. Desta forma os domínios discursivos determinam qual o tipo de linguagem é a correta para cada tipo de diferentes situações.
As novas tecnologias de comunicação permitem ao homem maior integração e agilidade no diz respeito à velocidade de comunicação,  é um momento novo que dá surgimento a um gênero. É preciso aprender com o novo e não esquecer do tradicional. A linguagem usada no ambiente de Internet tem suas características próprias, e esse tipo de linguagem jamais substituirá a linguagem formal, que a base para os mais diversos tipos de gêneros (textos jurídicos, textos técnicos etc.). A verdade é que, a educação, ao possibilitar a evolução e a transmissão do conhecimento ao longo da historia humana, modificou profissões, trouxe novas tecnologias e transformou atividades, estamos  então diante de um novo conceito de comunicação, um gênero novo que está sendo criado com base no mais antigo dos gêneros, que a necessidade que o homem tem de se comunicar. A Internet não pode ser vista  como um  ambiente onde ocorre somente à troca de informações ou de  encontros pessoais, mas, também, como um local onde ocorre  à produção de conhecimento.
O ensino deve ser dinâmico , e não pode ser trabalhado seguindo um determinado  padrão, não pode  ser “engessado”, portanto, o gênero ideal é aquele que fará com que o professor e o aluno alcancem seus objetivos da forma mais proveitosa, neste caso a transmissão e a recepção de conhecimentos. Pode não haver um gênero ideal para ser usado em sala de aula,mas não podemos de forma alguma, não fazer usos dos diversos gêneros existentes, os gêneros fazem parte da cultura de um povo, e é através de seu uso e compreensão que criaremos condições para o correto ensino e uso da língua. Línguas são sistemas complexos e por conseqüência ensinar línguas é uma tarefa complexa, mas não podemos banalizar o ensino de uma língua para que essa tarefa se torne mais fácil.
 As definições contidas nos PCNs, nos trazem mais dúvidas do que esclarecimentos., pois, não toma uma firma posição, as definições são vagas, o que acaba gerando duvidas.
 A compreensão de textos fica em primeiro plano enquanto a produção de textos fica em um plano secundário. Os PCNs acabam por si só sendo uma “ferramenta” de redução ao determinar somente alguns tipos de gêneros. O ideal, seria abrir mais  o leque de gêneros, permitindo assim o contato do aluno com gêneros mais próximos de seu cotidiano, o que certamente aumentaria a sua capacidade de compreensão e criação.
 Para os autores, Dolz & Schneuwly , os gêneros são facilitadores da comunicação entre os seres humanos. E, são usados no ambiente escolar como “ferramenta” de compreensão e produção de textos. para os autores a “seqüência didática” seria um conjunto de etapas com a finalidade de capacitar o aluno a construir um texto dentro de um determinado tipo de gênero.

Os procedimentos envolvendo as “seqüências didáticas” se dividem em quatro partes. Que seriam as seguintes:

ü      Apresentação da situação:  seria a apresentação do gênero a ser trabalhado e, as definições de como se desenvolveriam as tarefas, nesta fase o professor pode participar como agente organizador.
ü      A primeira produção : é uma etapa importante, neste ponto, o aluno ou a turma inicia a sua produção textual,  a produção será avaliada e trabalhada até chegar à fase final.
ü      Os módulos: são as etapas de aperfeiçoamento, neste momento são elaboradas observações e análises. Essas observações e análises servem para a identificação e a resolução de possíveis problemas ocorridos na primeira produção.
ü      Produção final: neste ponto o aluno pratica o que aprendeu nas etapas anteriores, neste momento, o que importa é avaliar como foi o desempenho do aluno. neste ponto o aluno é um ser crítico de sua própria atividade, ele sabe portanto, o que fazer e como fazer. Essa avaliação mensura o progresso do aluno. mostrando o que ele aprendeu e o que ainda lhe falta para o completo aprendizado.
             Ao fazer com que os  estudantes se aproximem de um determinado tipo de gênero, os alunos são colocados diante de um desafio. Desafio esse que os estimula a desenvolver novas habilidades.
 Os autores sugerem então uma seqüência de ações,que  contemplam cinco modalidades (seqüências tipológicas), que correspondem aos tipos textuais.

ü      Narrar: condição de criar histórias e contá-las. Esta capacidade é usada principalmente na criação de contos, fábulas, etc.
ü      Relatar: capacidade de descrever acontecimentos vividos pelo autor ou por outras pessoas. Esta capacidade é usada predominantemente na descrição de notícias, relatórios,  relatos de viagem, relatos de experiências de vida, etc.
ü      Argumentar: capacidade tomar posição diante de um acontecimento e sustentar sua posição, e, através da argumentação, refutar a posição de outros, negociar com oponentes. Esta capacidade é usada principalmente em debates orais, artigos de opinião, etc.
ü      Expor: capacidade de absorver e transmitir conhecimentos, saberes, obtidos por meio de estudos e pesquisas. Esta capacidade é usada, predominantemente, em conferências, artigos científicos, verbetes de enciclopédia,  etc.
ü      Descrever ações: condição que o indivíduo tem de fazer determinações e organizar um certo procedimento. Esta capacidade é usada predominantemente em receitas culinárias, regulamentos, regras de jogo, relatórios, etc.

O uso do modelo de seqüências didáticas permite ao professor  e ao aluno trabalharem em um ambiente onde o aperfeiçoamento das práticas que envolvem escrita e produção oral, se dá de maneira progressiva, onde, dentro do processo, o aluno se vê realmente como parte integrante do processo de aprendizado.  E neste caso os gêneros se transformam em ótimas “ferramentas” de suporte. Todo esse trabalho tem a finalidade de proporcionar o desenvolvimento  e a construção de conhecimentos relativos à expressão escrita e oral de um certo gênero.
O trabalho modular permite ao professor avaliar o desenvolvimento de cada aluno e, desta forma , dispensar atenção especial em caso de insucesso,  sem criar transtornos. A modularidade possibilita o uso de temas variados entre os alunos, o que permite, que se dispense uma atenção mais  voltada para os problemas específicos de cada aluna, que se apresentem durante o desenvolvimento das produções individuais. Assim sendo o professor passa a ser um orientador, que apresenta novas situações e levanta questões para o desenvolvimento do censo critico e criativo do aluno, sempre valorizando a opinião de todos.

Um comentário:

  1. Vitor, as reflexões estão muito interessantes e profundas. Porém, sugiro que sejam mais objetivas... Ficaram extensas, não?
    Abs
    Ivan

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